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Cada Fio de Cabelo Seu É Contado

Aprofundando-nos na Doutrina

27 de março de 2015

Nota do Editor: Esta série examina as doutrinas fundamentais da fé cristã e suas ramificações práticas para a vida cotidiana. Anteriormente nesta série:

D. A. Carson, Jesus Vive para Sempre Intercedendo Por Ti

Sam Storms, Cristo Voltará

Robert Peterson, Adotado pelo Deus Vivo

Gregg Allison, Aquele Que Sonda Corações

Fred Sanders, A Estranhez da Trindade É Uma Coisa Boa

Randy Alcorn, Looking Forward to a Heaven We Can Imagine


Poucos pontos da teologia geraram mais especulação e debate do que a noção de que Deus é providencialmente soberano sobre todas as coisas. Mas na Bíblia, a doutrina da providência divina não é primeiramente um tópico para nossas mentes, mas para nossos corações e vidas. Podemos pensar, por exemplo, no Salmo 139, no conforto que Davi encontra no conhecimento penetrante que Deus tem, ou nas palavras de Jesus “não temais”, após sua declaração de que “até os cabelos da vossa cabeça estão todos contados.” (Lucas 12.7). 

Para saber mais sobre a providência divina e seu propósito em nossas vidas, eu me correspondi com John Frame, Professor de Teologia Sistemática e Filosofia no Reformed Theological Seminary (Seminário de Teologia Reformada), em Orlando, Florida, EUA e autor de vários livros, incluindo “Systematic Theology: An Introduction to Christian Belief” [Teologia Sistemática: Uma Introdução à Crença Cristã] 


O que é a doutrina da providência divina? Onde se pode começar a pesquisar na Bíblia para aprender sobre ela?

A questão 11 do Breve Catecismo de Westminster oferece uma definição útil da providência divina: “As obras da providência de Deus são a sua maneira muito santa, sábia e poderosa de preservar e governar todas as suas criaturas, e todas as ações delas.”

Apresentei a base bíblica para a doutrina da providência extensivamente no capítulo 14 do meu livro “The Doctrine of God” [A Doutrina de Deus]. Alguns dos textos bíblicos mais importantes incluem Romanos 8.18-25, 8.28-30; e Efésios 1.9-11.

Do ponto de vista histórico, a providência é algo que todos os cristãos sempre creram ou é uma doutrina exclusivamente reformada?

Todos os cristãos crêem que Deus provê para o seu povo, e exerce um governo mais generalizado sobre sua criação. Mas creio que só a tradição reformada é totalmente consistente com as implicações desta afirmação. A tradição reformada afirma que na sua soberania, Deus ordena cada evento que acontece no mundo, incluindo as ações de criaturas moralmente responsáveis, tais como os seres humanos e anjos. Em muitas outras tradições cristãs, a soberania de Deus é percebida de forma mais limitada, muitas vezes, não se aplicando às ações que resultam de “livre arbítrio”.

Como pode a doutrina da providência encorajar um cristão enfrentando o desemprego, ou uma doença física, ou um inimigo?

A primeira pergunta do Catecismo de Heidelberg oferece uma explicação maravilhosamente reconfortante da doutrina da providência divina:

P. Qual é o seu único consolo na vida e na morte?

R. Que não pertenço a mim mesmo, mas pertenço de corpo e alma, tanto na vida quanto na morte, ao meu fiel Salvador Jesus Cristo. Ele pagou completamente todos os meus pecados com o Seu sangue precioso e libertou-me de todo o domínio do diabo. Ele também me guarda de tal maneira que sem a vontade do meu Pai celeste nem um fio de cabelo pode cair da minha cabeça; na verdade, todas as coisas cooperam para a minha salvação. Por isso, pelo Seu Espírito Santo, Ele também me assegura a vida eterna e faz-me disposto e pronto de coração para viver para Ele de agora em diante. 

Cristãos enfrentando circunstâncias difíceis podem tirar grande conforto do fato de que, não importa o que possa acontecer nesta vida, nada acontece fora do plano de amor do Pai celeste para a sua salvação final.

Como mudará a nossa linguagem de oração e nossos hábitos se a providência de Deus for uma realidade em nossas mentes e corações?

Quando a doutrina da providência divina é real para nós, em meio ao sofrimento, não questionaremos se Deus tem nossos melhores interesses em mente. Ao invés disto, pediremos para que Ele nos mostre como o seu amor causará com que nosso sofrimento resulte para o bem. A doutrina da providência divina nos ajuda a confiar que os bons propósitos de Deus não podem ser frustrados em nossas vidas, e nos motiva a nos apegarmos a ele em obediência, mesmo quando estamos andando na escuridão e não podemos ver como ele está trabalhando. “Embora eu esteja morando nas trevas, o Senhor será a minha luz.” (Miquéias 7.8, NVI).

Uma compreensão sólida da providência divina também nos levará a pedir a Deus para dirigir nossas decisões de forma a melhor incorporar suas bênçãos.

Se um amigo não-cristão se opõe à noção de providência de Deus como sendo uma ideia dominadora ou ameaçadora, como você responderia?

Não é ameaçador, porque para aqueles que confiam em Cristo, a providência divina é para o nosso bem, em todos os sentidos. É controlador em um sentido, porque Deus realmente controla a nós e tudo mais. No entanto, há várias coisas a se considerar aqui:

  • Nunca poderemos realmente escapar do controle de Deus, porque Deus é Deus.
  • O controle de Deus é uma coisa boa, porque prova que ele é sempre maior do que as coisas que nos desafiam; assim “quem nos separará do amor de Cristo?”
  • O controle de Deus não anula a nossa liberdade, porque Deus normalmente realiza seu trabalho em nossas vidas por meio de nossas decisões.
  • A alternativa é muito mais ameaçadora: Se Deus não estiver no controle, então como saberemos que algum mal qualquer não vai frustrar as intenções do amor de Deus?

Quais aspectos do caráter de Deus que a providência divina revela? Como ela é ligada à narrativa do evangelho de toda a Bíblia?

A providência divina revela de forma especial o poder, a bondade, o amor e a benevolência de Deus. Meditar sobre o governo providencial de Deus sobre sua criação nos motivará a dizer “que Deus poderoso e grande adoramos” e também “que Salvador amoroso e terno que temos.”

Genesis 22.8 mostra a estreita ligação entre a providência divina e a narrativa do evangelho. Neste texto, Deus direciona a Abraão a sacrificar seu filho Isaque. Mas quando Isaque pergunta: “Onde está o cordeiro?” Abraão diz: “Deus proverá para si o cordeiro para o holocausto, meu filho.” Deus, então, fornece um carneiro preso pelos chifres no mato, que Abraão sacrificou no lugar de Isaque. Daí o nome divino Jeová Jiré, que significa “o Senhor proverá.”

A expressão máxima da disposição providencial de Deus para o seu povo veio 2.000 anos mais tarde, com o sacrifício de seu próprio Filho por nossos pecados. Quando colocamos nossa fé na morte substitutiva de Cristo em nosso favor, estamos confiando, tal como Abraão, que “o Senhor proverá.” E como o apóstolo Paulo argumentou, “Aquele que nem mesmo a seu próprio Filho poupou, antes o entregou por todos nós, como não nos dará também com ele todas as coisas?” (Rm 8.32) 

 

Traduzido por Suzana L. Braga

Is there enough evidence for us to believe the Gospels?

In an age of faith deconstruction and skepticism about the Bible’s authority, it’s common to hear claims that the Gospels are unreliable propaganda. And if the Gospels are shown to be historically unreliable, the whole foundation of Christianity begins to crumble.
But the Gospels are historically reliable. And the evidence for this is vast.
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