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Será Que a Estrela de Belém Foi um Cometa?

Esta é uma entrevista com o estudioso da Bíblia, Colin Nicholl.

24 de dezembro de 2015 
A estrela de Belém (Mt 2.1–12) há muito tempo tem capturado a imaginação de muitos, e ao mesmo tempo agitado o debate. Será que ela era um conjunto de planetas? Uma explosão estelar (supernova)? Um anjo? Ou poderia ter sido apenas uma estrela comum?

Recentemente, conversei com Colin Nicholl (PhD pela Universidade de Cambridge) sobre seu mais recente trabalho, The Great Christ Comet: Revealing the True Star of Bethlehem [O Grande Cometa de Cristo: Revelando a Verdadeira Estrela de Belém, sem edição em português]. Como o título sugere, Nicholl argumenta que a estrela era na verdade um cometa que levou os magos ao menino Jesus.

Nesta entrevista, aprenderemos como a Bíblia e a ciência não estão em conflito; por que saber o que a estrela de Belém representa na prática; se devemos colocar cometas no topo de nossas árvores de Natal, e muito mais.


Por que você está convencido de que a estrela de Belém era um cometa? Não poderia ter sido uma estrela comum?

É importante ressaltar brevemente o que sabemos sobre a estrela. 
Primeiro, ela apareceu de repente e permaneceu visível por mais de um ano, isto indica que não era uma estrela comum, um meteoro ou um planeta como Júpiter, mas sim uma supernova ou um grande cometa, como o Hale-Bopp (1996-1997). 

Em segundo lugar, a estrela deslocou-se do céu da manhã oriental para o céu da noite austral no período de dois meses. Isso sugere que não era um corpo fixo, mas sim um objeto do sistema solar que se move rapidamente, mais especificamente, um cometa. 

Em terceiro lugar, a estrela teve um impressionante e surpreendente “nascer”, os surgimentos de estrelas comuns e planetas eram previsíveis e visualmente normais. Mas o surgimento de um cometa fazendo uma passagem próxima ao sol não era previsível e poderia ser muito impressionante. 

Em quarto lugar, a estrela “se deteve sobre” a casa, parecendo localizá-la com precisão: Nada, além de um cometa, poderia ter feito isso. A descrição da estrela de Belém de Mateus só pode, na minha opinião, ser explicada se a estrela fosse um cometa, mais precisamente, um grande cometa fazendo uma passagem relativamente próxima ao sol. 

Qual é o principal valor apologético de tudo isso? Em outras palavras, na prática, o que está em jogo? Por que importa saber o que era a estrela de Belém?

Num tempo em que nos dizem com tanta frequência que a ciência e a Bíblia (religião) são inimigas irreconciliáveis, procuro mostrar que ambas podem ser boas amigas, envolvendo-se de uma maneira emocionante e poderosa. A ciência pode elucidar e confirmar as Escrituras em uma dimensão surpreendente. Muitos rejeitaram (e alguns até ridicularizaram) a “estrela GPS” de Mateus como sendo obviamente não-histórica. Contudo, no livro, procuro mostrar que:

  1. A descrição de Mateus da estrela é única e perfeitamente compatível com um grande cometa;
  2. É possível desenvolver uma órbita para esse cometa que acomoda todas as alegações de Mateus; e
  3. Outros relatos independentes da maravilha celestial que compareceu ao nascimento de Jesus são astronomicamente plausíveis com uma estrela-cometa. 

Tudo isso representa evidência irrefutável de que Mateus foi um biógrafo historicamente confiável. Isso também sustenta fortemente a alegação do autor do evangelho de que Jesus é o Messias profetizado nas Escrituras hebraicas. 

Ademais, o uso de um grande cometa, por Deus, para celebrar o nascimento de Seu Filho, dá a nós, do século 21, uma visão extraordinária de Seu domínio soberano sobre Seu cosmos. Isso demonstra o Seu completo senhorio sobre o âmbito da astronomia. 

Até agora, o debate acadêmico sobre a estrela de Belém pesava no quesito astronomia e era leve em história e teologia. Como a inclusão do conhecimento bíblico acadêmico a esse meio ajudou a resolver o quebra-cabeça?

O debate sobre a estrela de Belém estava, na minha opinião, indo para o brejo. Muitos estavam recorrendo rápido demais à astronomia sem ter uma ideia clara do que estavam procurando, e assim, acabando com teorias que não estavam de acordo com o relato de Mateus. Com demasiada frequência, os elementos em Mateus que não se encaixavam eram simplesmente reduzidos à utilização, pelo autor do evangelho, de “licença poética” ou algo desse tipo. 

Me pareceu que a busca pela estrela histórica deveria ser reconstruída sobre a base sólida e segura do relato de Mateus. Em outras palavras, precisamos começar com uma cuidadosa exegese de Mateus, prestando muita atenção ao gênero, a gramática, a escolha de palavras, e assim por diante. É aqui que a contribuição de um estudioso da Bíblia é necessária. Quando nos dedicamos devidamente a analisar Mateus, saímos com bastante informação, podendo contribuir com a esfera da astronomia, na busca pela estrela histórica. Podemos rapidamente descartar teorias que não se alinham com o que Mateus registra e podemos deduzir o que a estrela era. 

Por que os Magos acreditavam que o fenômeno astronômico que observaram significava o nascimento do Messias?

Como muitos estudiosos de Mateus já deduziram corretamente, os magos provavelmente foram expostos a importantes profecias do Antigo Testamento sobre o Messias, por meio de seus vizinhos judeus. Através destas profecias messiânicas, eles vieram a interpretar o corpo celeste como a revelação de que o nascimento do Messias havia ocorrido. O que os magos dizem em Mateus 2.2 parece aludir ao oráculo de Balaão, que falou da vinda do Messias em termos de “cetro” e “estrela”, insinuando que um cometa parecido com um cetro anunciaria seu nascimento (Nm 24.17). Os magos parecem ter chegado à firme conclusão de que a estrela havia cumprido literalmente o oráculo de Balaão. A escolha de ouro, incenso e mirra como presentes (Mt 2.11) sugere que eles também foram influenciados pelas profecias em Isaías (especialmente os capítulos 53 e 60). Defendo que os magos interpretaram o que a estrela fez pelas lentes de Isaías, capítulos 7–9 (especialmente em 7.14 e 9.2).

Como Apocalipse 12.1–5 pode ser a chave para a história da estrela de Belém? 

Defendo que Apocalipse 12.1–5 deixa mais claro o mistério daquilo que os magos viram a estrela fazer no céu oriental, e que os levou a viajar para a Judeia em busca do Messias. O texto retrata uma cena astronômica em que uma mulher fica grávida e entra em trabalho de parto e dá à luz uma criança, o Messias judaico. Muitos estudiosos têm reconhecido que a mulher em Apocalipse 12 é Israel e que a criança é Jesus. Mas nenhuma explicação satisfatória jamais foi oferecida sobre a impressionante natureza astronômica deste “sinal” da natividade nos versos 1–5. 

Proponho que a única explicação convincente deste enigma é que João (o autor do Apocalipse) está recordando o drama celeste que ocorreu no nascimento de Jesus. Em essência, Deus transmitiu no céu, mais especificamente, na constelação da Virgem, o que estava acontecendo secretamente em Belém, logo abaixo. Quanto à maneira como se deu esse drama celeste de natividade, somente a cabeça de um grande cometa movendo-se em perfeita sincronia com a Terra poderia ter dado vida aos céus desta forma, de modo que o bebê mostrado pelo cometa aparecesse e crescesse no ventre da virgem e depois, nascesse. 

Surpreendentemente, o perfil de um cometa fazendo tal coisa é precisamente o mesmo que o do cometa de Mateus. E, incrivelmente, a órbita percorrida pelo cometa, a partir da descrição de João, é impecavelmente compatível com tudo o que Mateus escreve sobre a estrela.

Como se parecia a estrela “parada sobre” o lugar onde Jesus estava?

Mateus diz que a estrela “ia adiante” dos magos enquanto eles viajavam de Jerusalém para Belém e, finalmente, “se deteve sobre” o lugar onde Jesus estava. Da mesma forma, o historiador Diodoro Sículo registra que um cometa parecido com uma tocha “foi adiante e levou” Timoleon da cidade de Corinto até a Sicília. Josefo revela que uma grande estrela-cometa que se parecia com uma espada “pairou sobre” Jerusalém no período que antecedeu à sua destruição. Tanto Josefo quanto Mateus parecem estar se referindo a cometas que apareceram acima do horizonte meio que na vertical, ao se posicionarem. 

Quando cometas fazem isso, eles podem facilmente ser vistos como se estivessem indicando um determinado local no horizonte visível, como foi evidentemente considerado o que aquela estrela fez. No momento em que isso ocorreu os magos, então em Belém, deviam estar localizados do lado oposto da casa de onde estava o cometa. Regozijando-se, entraram na casa e, como suspeitavam, descobriram ali o bebê Messias.

Suas conclusões são de que o Grande Cometa de Cristo só poderia ser “um cometa intrinsecamente brilhante, muito grande, pouco inclinado, retrógrado e de longo período”. Como você ajudaria a nós, que não somos astrônomos, a compreender exatamente o que isso significa?

A maioria dos cometas são pequenos, mas alguns, como o Cometa Hale-Bopp e o Cometa de Cristo, são grandes. 

Cometas grandes são cometas geralmente mais brilhantes. Isso significa que se você colocasse todos os cometas na mesma distância tanto do Sol quanto da Terra, estes cometas seriam vistos como estando entre os mais brilhantes. É por isso que se tornaram visíveis tão cedo e permaneceram observáveis a olho nu por tanto tempo. 

“Pouco inclinado” significa que, assim como os planetas, a órbita do Cometa de Cristo em torno do Sol é relativamente plana em comparação com a da Terra, e o cometa é visto principalmente nas constelações zodiacais. 

“Retrógrado” indica que ele viaja em torno do Sol, em direção oposta à Terra. 

“Longo período” significa que ele leva um longo tempo para completar uma rotação ao redor do Sol. Com exceção do Cometa Halley, os cometas grandes são todos cometas de longo período.

Só por curiosidade: Você tem uma decoração de cometa no topo da sua árvore de Natal?

Oh céus, você quase me descobriu! Eu realmente amo cometas e tenho telas dos magníficos cometas de 1680 e 1843 pendurados por toda casa. Recentemente comprei uma iluminação de cometa para a fachada da casa. Mas a minha decoração de Natal favorita este ano é um esplêndido cometa de madeira alemão retroiluminado, no qual a cena natalina é retratada na cabeça do cometa, com os magos aproximando-se trazendo seus presentes, na cauda do cometa. 

Em relação ao topo da árvore de Natal, infelizmente, sou vítima do mercado, ainda estou para encontrar uma decoração de cometa decente. Portanto, o topo da nossa árvore é uma estrela brilhante padrão, de cinco pontas. Talvez eu devesse começar uma nova linha de topos de árvore em forma de cometa!

Enfim, espero que muitos de seus leitores não tenham apenas a estrela de Belém no topo de suas árvores de Natal, mas abaixo delas também (se é que você me entende!). 

Feliz Natal!

 

Traduzido por Will Jessie Dias.

Is there enough evidence for us to believe the Gospels?

In an age of faith deconstruction and skepticism about the Bible’s authority, it’s common to hear claims that the Gospels are unreliable propaganda. And if the Gospels are shown to be historically unreliable, the whole foundation of Christianity begins to crumble.
But the Gospels are historically reliable. And the evidence for this is vast.
To learn about the evidence for the historical reliability of the four Gospels, click below to access a FREE eBook of Can We Trust the Gospels? written by New Testament scholar Peter J. Williams.
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