×

Aprofundando-nos na Doutrina

13 de Outubro de 2014.

Nota do Editor: Este é o segundo artigo de uma série que explora as doutrinas fundamentais da fé cristã e suas ramificações práticas para a vida cotidiana. Anteriormente nessa série:

D. A. Carson, Jesus Vive para Sempre Intercedendo Por Ti


Em seu clássico livro “O Conhecimento de Deus”, J. I. Packer escreveu:

“Se quisermos julgar o quanto uma pessoa compreende o cristianismo, devemos descubrir a importância que ela dá à ideia de ser filho de Deus e de ter Deus como seu Pai. Se este não for o pensamento que impulsiona e controla sua adoração e suas orações, assim como toda a sua perspectiva sobre a vida, significa que ela não entende quase nada sobre o cristianismo. […] 'Pai' é o nome cristão para Deus.”

A doutrina da adoção é, de fato, parte integral do evangelho. No entanto, nos últimos anos a discussão teológica talvez tenha estado mais focada na justificação do que na adoção. Muitos cristãos leigos nunca consideraram as ricas implicações de serem adotados. Para nos aprofundarmos na doutrina da adoção, especialmente em suas consequências práticas, entrevistei Robert Peterson, professor de teologia sistemática do Covenant Theological Seminary e autor de “Adopted By God: From Wayward Sinners to Cherished Children” [Adotados por Deus: de Pecadores Rebeldes a Filhos Amados], dentre outros livros.


O que significa a doutrina da adoção, e onde seu ensino é mais proeminente na Bíblia? 

Ela significa que o Deus vivo e verdadeiro, o Criador dos céus e da terra, fez dos crentes, pela graça, membros de sua família, concedendo a eles, todos os direitos e responsabilidades que acompanham essa posição. Paulo ensina sobre isto em muitos lugares, mas especialmente em Romanos 8.14-17,23,29 e Gálatas 3.25―4.7. Concordo com John Murray e Sinclair Ferguson que João também ensina sobre o assunto em João 1.12 e 1João 3.1.

As pessoas da Trindade desempenham papéis diferentes na doutrina da adoção?

Sim, de fato. O Pai é o amor divino que nos predestinou para a adoção e enviou a seu Filho para nos resgatar (1Jo 3.1; Ef 1.5; Gl 4.4). O Filho de Deus é nosso redentor, que nos amou e nos resgatou da ameaça de punição feita pela lei, tornando-se maldição por nós (Gl 4.5; 3.13). “O Espírito de seu Filho” (Gl 4.6), “o espírito de adoção” (Rm 8.15), permitiu-nos clamar por nossa salvação a Deus, como Pai (Rm 8.15), e assegura-nos em nosso íntimo que somos filhos de Deus (Rm 8.16).

A Trindade nos ama profundamente, e planejou nossa adoção, realizou a obra de redenção necessária para nos adotar e aplicou a nós a adoção, como filhos de Deus. Esse é um aspecto importante do trabalho de redenção do Deus trino, e deve ocupar um lugar maior em nosso culto, quer público, quer familiar, quer a sós.

Que tipos de pessoas podem encontrar conforto, segurança ou alegria especiais na doutrina da adoção? E como fazê-lo? 

Homens e mulheres que não tiveram um bom relacionamento com seus pais. Tendo palestrado em uma conferência para homens, fiquei espantado com o efeito que uma simples mensagem de adoção tem sobre homens de várias idades. Em pequenos grupos após as pregações, homens compartilharam abertamente o quanto seus pais eram distantes deles quando estavam crescendo. Homens choravam à medida que o Espírito aplicava o bálsamo curativo da adoção sobre os corações e mentes. Fiquei comovido por ser um instrumento de Deus à medida que seu Espírito preenchia, com a mensagem terna e bíblica da adoção, as lacunas no coração de homens adultos. Observei resultados semelhantes em conferências para casais, com homens e mulheres encontrando ajuda na doutrina da adoção, conforme estabelecida na Palavra de Deus.

Para aqueles envolvidos em aconselhamento pastoral, quando a doutrina da adoção pode ser especialmente valiosa?

Há muitas respostas para esta pergunta. Uma é para pessoas desesperançadas. A adoção gera esperança porque pertence não só à eternidade (Ef 1.5), ao passado (Rm 8.15), ao presente (1Jo 3.2-3), mas também ao futuro (1Jo 3.2). Na Bíblia, intimamente relacionada à doutrina da adoção está a noção de herança: somos filhos de Deus e, portanto, seus herdeiros (Gl 3.29; 4.7). Os verdadeiros filhos de Deus sofrem com ele agora e serão glorificados com ele quando Cristo retornar (Rm 8.17).

Qual é exatamente a nossa herança? Com base em toda a história bíblica, minha resposta é: vamos herdar a Trindade e os novos céus e nova terra (Rm 8.17; 1Co 3.21-23).

Em sua própria vida, ou na de pessoas próximas a você, onde você viu a doutrina da adoção ser de valor prático?

Certa vez, fui palestrante em uma conferência cujo tema era adoção. Quando os outros dois oradores e eu conversamos informalmente, descobrimos, para nossa surpresa, que todos havíamos sido inconscientemente atraídos para o tema da adoção por causa de uma brecha no relacionamento com nossos pais. Deus usou o ensino bíblico sobre a filiação para ministrar a nós e, através de nós, a outros. Em união com Cristo, o único Filho de Deus, encontrei aceitação por parte do Pai, uma nova família no céu e na terra, incentivo para viver para Deus e uma viva esperança para o amanhã. A doutrina da adoção é onde a Bíblia é mais confortadora. Não consigo conceber algo que seja mais reconfortante, mais nutritivo, mais edificante que a gloriosa verdade de que quando cremos em Cristo, somos transformados em filhos e filhas do Deus Criador.

Como você compartilharia o evangelho com alguém usando a doutrina da adoção?

Na verdade, a Bíblia faz exatamente isso. Em primeiro lugar, nossa necessidade de salvação é retratada na Bíblia como relacionada à nossa condição de escravos de Satanás e do pecado (1Jo 3.10; Gl 4.3,7). Cristo, o redentor, entregou-se por nós, escravos e violadores da lei, porque ele nos amou. Ele assumiu a maldição (o castigo) da lei que, por direito, deveria ter caído sobre nós, e não sobre ele (Gl 3.13). Por meio da obra de Cristo, fomos de escravos a filhos (Gl 4.7).

Paralelamente à justificação, a adoção é somente pela graça, através da fé em Cristo (Jo 1.12; Gl 3.26). Cremos em Cristo como redentor a fim de sermos incluídos na família de Deus. Os resultados são incríveis, incluindo segurança (Rm 8.16) e disciplina paternal (Hb 12.5-11). Pela graça de Deus, o ensinamento sobre a adoção nos permite fazer aquilo que é difícil para alguns de nós: crer que Deus realmente nos ama (1Jo 4.16).

Você poderia recomendar outros recursos para quem quiser se aprofundar no estudo da doutrina da adoção?

O melhor recurso acadêmico para leitores da The Gospel Coalition [Coalizāo Pelo Evangelho] é o livro de Trevor Burke, “Adopted into God’s Family: Exploring a Pauline Metaphor” [Adotados na Família de Deus: Explorando uma Metáfora Paulina]. Uma abordagem mais pastoral inclui “Children of the Living God” [Filhos do Deus Vivo], de Sinclair Ferguson, e “Adopted by God” [Adotados por Deus], de minha autoria.

Traduzido por Daila Fanny

Is there enough evidence for us to believe the Gospels?

In an age of faith deconstruction and skepticism about the Bible’s authority, it’s common to hear claims that the Gospels are unreliable propaganda. And if the Gospels are shown to be historically unreliable, the whole foundation of Christianity begins to crumble.
But the Gospels are historically reliable. And the evidence for this is vast.
To learn about the evidence for the historical reliability of the four Gospels, click below to access a FREE eBook of Can We Trust the Gospels? written by New Testament scholar Peter J. Williams.
LOAD MORE
Loading