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Abraçando as Saudades de Casa, em Casa

G.K. Chesterton disse que “os homens estão com saudades de casa em suas casas.” Enquanto a maioria de nós têm um abrigo mais que adequado, ainda vivemos ansiando por um lar. Podemos ansiar por um lar porque de tanto nos mudarmos, realmente não sabemos onde é o nosso lar. Pode se que você viva longe de sua família e deseje viver perto dela. Pode ser que deseje uma família da qual gostaria de morar perto. Alguns vivem com um desejo por um lar em que se sintam seguros e amados.

Às vezes a vida pode nos parecer como uma longa transição. Ouvi uma mulher solteira descrever seu anseio por um lar, como o desejo de viver em algum lugar por dez anos. Ano após ano, ela vivia com diferentes pessoas em diferentes lugares. Ansiava por um lar em que pudesse construir o seu ninho, sabendo que não teria que arrumar as malas quando o contrato de aluguel do ano acabasse. Seu desejo não era realmente por uma casa, mas era um desejo por permanência e raízes.

Por que temos saudades de casa? Mesmo que nossos anseios por um lar possam se concentrar naquilo que é menos do que o ideal sobre onde e com quem vivemos, no fundo estamos com saudades de casa porque esta não é a nossa casa. Se você é um crente em Jesus, você é um cidadão do céu (Fp. 3.20). Vivemos na terra, mas “aguardamos novos céus e uma nova terra, nos quais habita a justiça” (2 Pe 3.13). 

Exilados, Não Imigrantes

Se nos sentimos com saudades de um lar em nossa própria casa, pode ser um bom sinal de que nossa cidadania está em outro lugar. Os exilados vivem de forma diferente dos imigrantes. Um imigrante fez opção por uma nova pátria. Ele e sua família assimilam. Aprendem a língua e os costumes, e nāo tem a expectativa que seus filhos retornem à terra que deixaram. Mas chamar alguém de exilado implica em que este alguém preferiria estar em sua terra natal. Teve que sair, mas espera retornar. Quer esteja vivendo num campo de refugiados ou numa embaixada, ele se esforça para manter sua identidade nacional intacta.

O profeta Daniel foi um verdadeiro exilado na Babilônia. Trazido de sua terra natal Judá por ordem do Rei Nabucodonosor, ele foi introduzido na vida luxuosa de um palácio da Babilônia. Daniel sabia que não poderia comer os manjares e os vinhos que seriam servidos (que provavelmente haviam sido oferecidos em sacrifício aos deuses pagãos), se quisesse guardar a lei de Moisés que Deus havia graciosamente dado ao povo judeu. Daniel optou por seguir a lei do Deus de Israel, embora no lugar onde ele estava, haveria vantagens em se assimilar e a adorar os deuses locais.

Daniel não se fez inconveniente perante os babilônios. Na verdade, era tão sábio que se tornou inestimável para os governantes do império, primeiro Nabucodonosor, e depois dele, Dario . Vivendo como um exilado fiel, Daniel ganhou inimigos também. Era tāo apreciado pelo rei que outros funcionários ficaram com inveja e tentaram acabar com ele. Eles disseram: “Nunca acharemos ocasião alguma contra este Daniel, a menos que a procuremos no que diz respeito a lei do seu Deus.” (Dn. 6.5).

Os inimigos de Daniel decidiram explorar sua fidelidade. Quando aprovaram uma lei que instituía que não se poderia orar a qualquer deus, mas apenas ao rei Dario, Daniel escolheu obedecer a lei de Deus, em vez da lei dos homens. Continuou orando ao Deus de Israel três vezes por dia, tal como seus inimigos sabiam que faria, e foi parar numa cova de leões. O Rei Dario estava tão perturbado por ter perdido seu confiável conselheiro, que passou a noite toda aguardando para ver como Daniel se sairia. Quando o rei o encontrou vivo na manhã seguinte, louvou ao Deus de Daniel e lançou seus acusadores na cova dos leões.

Qual era a oração de Daniel, três vezes ao dia? Orava para que Deus fizesse Seu povo retornar à Terra Prometida. No entanto, mesmo enquanto ansiava e orava, ele servia a outros em seu exílio. Vivia como um judeu e não como um babilônico ou um persa, e não comprometeu sua identidade de filho da promessa. Se você se sente como um exilado, fora de sintonia com aspectos da cultura deste mundo e às vezes desprezado, está em boa companhia.

Aproveitando a Saudade de Casa

Será que o fato de ainda não estarmos em nosso eterno lar significa que não devemos nos importar sobre onde ou como vivemos? Isto significa que devemos parar de reciclar o lixo e sairmos de nossa associação de bairro? De modo algum. C.S. Lewis apresenta uma imagem diferente da mentalidade de forasteiro:

Se estudarmos a história, veremos que os cristãos que fizeram o máximo pelo mundo presente, eram justamente aqueles que refletiam o máximo sobre o mundo vindouro. Os próprios apóstolos, que iniciaram a conversão do Império Romano, os grandes homens que edificaram a Idade Média, os evangélicos ingleses que aboliram o tráfico de escravos, todos deixaram sua marca na terra, precisamente porque suas mentes estavam ocupadas com o céu. Foi a partir de quando os cristãos, em grande parte, deixaram de refletir sobre o outro mundo, que se tornaram tão ineficazes neste mundo. Mire o céu e obterá a terra “por tabela”. Mire a terra e não obterá nenhum dos dois.

Lewis realça a verdade das palavras de Jesus em Mateus 16.25: “pois, quem quiser salvar a sua vida por amor de mim perdê-la-á; mas quem perder a sua vida por amor de mim, achá-la-á”. Quando sabemos que nosso lar está no céu, ficamos dispostos a assumir mais riscos nesta vida. Podemos nos sacrificar em prol de nosso próximo, porque não estamos obcecados em proteger o que é nosso.

Estar esperando por nosso lar celestial deveria nos libertar para convidar todos os tipos de pessoas à nossa casa terrena. Podemos acolher o pobre e a criancinha, sem medo que roubem ou quebrem alguma coisa. Ao invés de nos tornarmos descuidados e negligentes em relaçāo a nosso lar, uma mentalidade celestial deveria nos inspirar a tornarmos nossas casas acolhedoras e agradáveis para outros.

Notei que as pessoas que tendem a ser melhores em acolher amigos e conhecidos em suas casas durante as festas de fim de ano, são aquelas que vivem num lugar onde elas mesmas, não têm família. Se vivemos na cidade onde crescemos e estamos cercado de parentes, provavelmente teremos obrigações familiares durante os feriados. Se sua família come a ceia de Natal na casa de sua avó e o almoço de Natal na casa de seus sogros, poderá não ter a liberdade de convidar aqueles de sua igreja que não tem planos para o Natal. No entanto, as pessoas que vivem longe de sua cidade natal e da família, têm a oportunidade de receber estranhos em suas casas nestes dias especiais. Há mais lugares na mesa.

Comunidades de expatriados sabem como se juntarem para comemorarem os feriados de seus países de origem. Americanos que vivem em todos os lugares, da Escócia à Cingapura, celebram o dia de Ação de Graças com a coisa mais próxima de um peru que possam encontrar. Este deve ser o nosso modelo, à medida em que procuramos viver como cidadãos do céu tendo esta terra como lar. Estamos unidos a outros cristãos por um amor por nossa pátria. Podemos celebrar na fraternidade desta cidadania comum, todas as vezes em que os crentes se juntam, e não apenas nos feriados. E tal como expatriados que acolhem moradores locais em suas casas, para compartilharem sobre as tradições de sua terra natal, devemos ser ávidos por trazer os perdidos à nossas mesas. Quanto mais melhor.

Nota do editor: Este é um trecho adaptado do novo livro de Betsy Childs Howard, Seasons of Waiting: Walking by Faith When Dreams Are Delayed (Crossway, 2016) [Estações de Espera: Andando pela Fé Quando Nossos Sonhos se Retardam]. 

Traduzido por Bruno Nunes

Is there enough evidence for us to believe the Gospels?

In an age of faith deconstruction and skepticism about the Bible’s authority, it’s common to hear claims that the Gospels are unreliable propaganda. And if the Gospels are shown to be historically unreliable, the whole foundation of Christianity begins to crumble.
But the Gospels are historically reliable. And the evidence for this is vast.
To learn about the evidence for the historical reliability of the four Gospels, click below to access a FREE eBook of Can We Trust the Gospels? written by New Testament scholar Peter J. Williams.
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