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Aborto Espontâneo, Luto e Lágrimas de Alegria na Loja

23 de dezembro de 2016

Nunca se sabe quem poderemos encontrar numa loja.

Visto que saio frequentemente com meus filhos extrovertidos, fazemos muitos amigos ao durante o dia-a-dia. Um dia, eu estava na seção de ítens em promoçāo, com meus três filhoss, e conheci uma mulher que estava aguardando ansiosamente, por notícias de sua filha, que estava numa sala de ultra-som, prestes a ouvir os batimentos cardíacos de seu bebê pela primeira vez. Não se tratava de um exame corriqueiro, uma vez que este não era o primeiro ultra-som de sua filha. Era o terceiro, e ela torcia somente por um batimento cardíaco bom e constante.

Quando a mulher se afastou, meus olhos se encheram de lágrimas. Olhei para o meu carrinho cheio de meninos e me lembrei dos meus próprios momentos de agonia na cadeira de ultra-som, orando, esperando e implorando a Deus por um batimento cardíaco. Por duas vezes ouvi um. Por duas vezes não. Embora eu não conhecesse a mulher ou sua filha, senti afinidade por elas. Tivemos comunhão porque compartilhamos uma experiência de perda e luto.

O sofrimento faz isso conosco. Deixa-nos prostrados em desespero, mas também nos leva à comunhão com outros que sofrem. Após do nosso segundo aborto espontâneo, necessitei de remédios para acelerar o aborto, e portanto fui à farmácia local para aviar a receita.

Enquanto eu assinava o recibo, a farmacêutica me fez as perguntas habituais, uma dos quais foi: “Você está grávida?”. Meio sem jeito, respondi, segurando as lágrimas, “Eu estava. Preciso desse remédio para acelerar o aborto”. Ela sussurrou as palavras “Sinto muito” e, em seguida, seguiu com meu pedido. Depois ela parou e disse: “Nāo fica mais fácil, né?” Eu sabia o que ela queria dizer. Ela começou a me contar que havia perdido duas gestações e que nem assim era capaz de dizer: “Sim, isso fica mais fácil.”

Bem ali, na fila do caixa da farmácia, fui consolada. E tive comunhão.

Comunhão no Sofrimento como Discipulado Feminino

As mulheres vivenciam essa comunhão de maneiras singulares. As várias mudanças do nosso corpo ao longo dos anos, as épocas que atravessamos e os desafios que encontramos como mulheres criam uma comunhão que, para as crentes, é ligada por nosso vínculo comum em Cristo.

Não fomos feitas para sofrermos a sós, assim como não fomos feitas para vivermos a sós. Em Cristo, temos uma bela família para compartilhar nossa vida. Posso ter encontrado comunhão de imediato na loja, mas no contexto de minha igreja local encontrei uma comunhāo ainda maior. Mulheres já choraram comigo, oraram comigo, enviaram versículos para mim, e me serviram; tudo sob a comunhão de nosso sofrimento comum como cristãs, que têm uma esperança futura. E tenho tido oportunidade de fazer o mesmo por outras muheres. As mulheres necessitam saber que não sofrem sozinhas.

Comunhão no Sofrimento como Amadas de Cristo

Mas o que acontece quando não há comunhão com outras pessoas? Infelizmente, nem todo mundo está em um contexto de igreja onde podem vivenciar essa mesma comunhão durante seu sofrimento. O que fazer, então?

Em Filipenses 3.10s, Paulo fala da participação nos sofrimentos de Cristo. Quando sofremos, estamos conectados a Ele tanto em vida, quanto em Sua morte. Ele sofreu para nos assegurar como seu povo Hb 13.12; 1 Pe 2.21), de modo que, quando sofremos sabemos que nenhum sofrimento nos separará do seu amor (Rm 8.38s). 

Nosso sofrimento nos dá comunhão com ele porque sabemos que ninguém sofreu mais do que ele. Compreender o sofrimento de Jesus radicaliza a compreensão do nosso próprio sofrimento. Sim, é doloroso. Sim, os sentimentos e as emoções são muitas vezes legítimos e reais. Mas nunca estamos sós.

Como cristãos, nosso sofrimento nos leva à comunhão com o nosso Salvador e Amigo. Ele sabe mais do que nós como são nossas angústias . Ele as suportou de bom grado embora não as merecesse. Ele nos trouxe a comunhão de seu sofrimento como um Salvador compassivo e atencioso. Além disso, Ele está preparando um lugar melhor para nós.

Comunhão no Sofrimento na Glória Futura

Felizmente, nossa comunhão com Ele não se limita a nosso sofrimento presente. Compartilhamos também de sua glória. Assim como nosso Salvador foi levado da tristeza, dor e sofrimento à glória celeste, nós também vamos vivenciar o mesmo (1 Pe 4.13). 

Quando vemos nosso sofrimento como uma porta de entrada para uma maior comunhão com Cristo, tanto agora, como para sempre, somos capazes de aceitá-lo, e agradecer a Deus por isso. Se lutarmos contra isso, fugirmos, ou alimentarmos amargura sobre o sofrimento, perderemos um componente crucial da nossa santificação. O sofrimento poda as arestas. Ele nos despoja de nosso pecado e nos torna mais semelhantes a Cristo. Mas também nos prepara para a glória maior ainda a ser alcançada. Quando compartilhamos dos sofrimentos de Cristo, a comunhão que sentimos com ele na mais profunda dor é apenas um aperitivo da comunhão eterna que um dia desfrutaremos em glória.

E é isto então, o que esperamos.

Naquela manhã dentro da loja, tive um gostinho da comunhão terrena no sofrimento. Mas tive também um gostinho da alegria, que vem após a tristeza. Momentos depois de ter saído após nossa conversa, a avó, radiante, com prazer voltou para dizer-me, com lágrimas nos olhos, que tudo estava bem com seu novo neto.

A comunhão no sofrimento e a comunhão na alegria se encontraram naquele corredor. Foi uma pequena amostra da comunhão que vivenciamos com nosso Salvador, tanto agora, como para sempre. Nosso sofrimento nunca é em vão. Sempre tem um propósito. E isso sempre acontece com um Amigo.

Traduzido por Vittor Rocha

Is there enough evidence for us to believe the Gospels?

In an age of faith deconstruction and skepticism about the Bible’s authority, it’s common to hear claims that the Gospels are unreliable propaganda. And if the Gospels are shown to be historically unreliable, the whole foundation of Christianity begins to crumble.
But the Gospels are historically reliable. And the evidence for this is vast.
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