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A Caixa de Ferramentas do Pregador: Devo Aprender Hebraico e Grego, ou ter Software Bíblico é Suficiente?

Nota do editor: “A Caixa de Ferramentas do Pregador” é uma nova série mensal que procura responder a questões relacionadas com a pregação. Se você tem uma pergunta relacionada à pregação ou algum assunto que você gostaria que respondêssemos, envie um e-mail para [email protected]. Recentemente, lançamos um projeto de pregação expositiva, para o qual os pastores do Conselho TGC irão preparar recursos educacionais gratuitos sobre pregação expositiva, tanto em vídeo quanto impressos, em seis idiomas estratégicos. Estamos em oração, buscando levantar US$ 150.000 em recursos para financiar o projeto. Para doar, clique aqui e escolha “Pregação Expositiva” [Expository Preaching] da lista designada.

Anteriormente: 

Como preparo meu coração para pregar? (Kent Hughes)
O que devo pregar da próxima vez? (Julius Kim)
Como lidar com o funeral de um incrédulo? (Phil Newton)
Como pregar sermões expositivos do livro de provérbios? (Dan Doriani)


Agora que temos programas de computador como BibleWorks, Logos e Accordance, por que os pastores e professores da Bíblia precisam estudar as línguas bíblicas? Como um professor que tem lecionado um destes idiomas por seis anos, muitos pastores me fizeram esta pergunta. Posso entender o porquê.

O hebraico e o grego são provavelmente as matérias mais difíceis no seminário. As aulas de línguas são muitas vezes vistas como um obstáculo que os alunos devem ultrapassar para se formarem com um Mestrado em Divindade. Muitos pastores relembram suas aulas de línguas com más recordações de memorizaçāo de vocabulário e formas, ou de passar por uma saia justa ao analisar substantivos e verbos.

Além disso, muitos (se não a maioria) dos pastores, não usam muito as línguas bíblicas em sua preparação para pregar. Suas agendas lotadas não deixam muito tempo para traduzir uma passagem, portanto o entendimento que têm do hebraico ou do grego geralmente vem de comentários. E se eles se voltam para as línguas originais, geralmente é para procurar o significado de uma palavra individual, o que pode ser feito passando o mouse sobre o hebraico ou o grego no software bíblico.

Devemos Ainda Exigir Hebraico e Grego?

Muitos seminários e escolas de teologia retiraram os requisitos linguísticos dos seus programas de MDiv (Mestrado em Divindade). Outros decidiram oferecer uma abordagem mais “baseada em ferramentas” em que os alunos aprendem como usar um dos programas bíblicos ao invés de aprender as línguas. Mas outros continuam a exigir o que historicamente tem sido considerado essencial para a formação pastoral: o estudo do hebraico e do grego.

Por que devemos continuar com este requisito?

Aqui está a minha resposta básica: o software bíblico não mudou nada. Estes programas são úteis porque dão acesso rápido e fácil a uma série de informações sobre o texto: significados de palavras, análise, dados sobre a frequência da palavra, traduções diferentes, gramáticas, comentários e até mesmo imagens de manuscritos antigos. Eu tenho todos os três dos principais programas em meu computador e uso pelo menos um deles todos os dias. Mas a maioria destas informações sempre foi prontamente acessível nos livros. O software simplesmente mudou o sistema de entrega e acelerou determinadas tarefas.

Quando se sugere que o software eliminou a necessidade de estudar as línguas bíblicas, presumo que isto significa que estes programas podem fornecer rapidamente o significado de palavras individuais ou analisá-las rapidamente. Mas sempre tivemos ferramentas que dão acesso a estas informações sem aprender hebraico e grego. As palavras podem ser encontradas em dicionários, e análise pode ser localizada em léxicos analíticos.

Usar vs. Saber

O objetivo do estudo das línguas bíblicas nunca foi compreender o significado de palavras individuais ou ser capaz de analisá-las. Memorizar vocabulário e aprender a analisar as palavras, são simplesmente meios necessários para uma finalidade. O objetivo do estudo das línguas bíblicas é aprender a ler e compreender as línguas bíblicas, para poder interpretar o texto com maior precisão.

Nós nos tornamos tão acostumados na igreja a falar sobre “usar” o hebraico e o grego, que acho que esquecemos de que estas são línguas reais e não se pode usar uma língua que não se conhece. Eu tive aulas de espanhol por três anos no ensino médio, mas me é completamente inútil, já que não aprendi a língua de verdade. Não sei falar esta língua (além de perguntar “onde é o banheiro?”).

Quando pastores ou professores da Bíblia usam hebraico e grego sem realmente conhecê-los, costumam se concentrar em estudos da palavra e explicar o “significado real” das palavras gregas isoladas (raramente com o hebraico). Estes estudos de palavras geralmente são falácias lexicais. Ironicamente, o uso das línguas originais por aqueles que não as conhecem, muitas vezes leva a erros de interpretação, ao invés de uma interpretação mais precisa.

Aqui está outro exemplo para reforçar este ponto. Meu pai é um eletricista, e quando saí de casa, ele me deu um monte de ferramentas. Uma das ferramentas foi um medidor que mostra a corrente elétrica em baterias e tomadas. No verão passado, instalei tomadas novas por toda a casa que estamos reformando. Já que eu realmente não sabia nada sobre eletricidade, fui incapaz de usar essa ferramenta. Creio que este medidor é realmente bem complexo e poderia ter me dado umas boa informações sobre a fiação da nossa casa. Era totalmente ininteligível para mim.

Não se pode usar uma ferramenta para uma tarefa que não se entenda de verdade. As ferramentas de linguagem não são diferentes. Se você não conhece as línguas bíblicas, então as ferramentas disponíveis no software da Bíblia em geral lhe serāo inúteis, ou pior, elas vão levá-lo a erros de interpretação.

Percepções Conquistadas com Dificuldade

Aprender hebraico e grego, e depois manter é um trabalho árduo. Estou sempre batalhando para mantê-los, especialmente a língua que não esteja ensinando. Tento ler alguns versículos por dia. Organizo um grupo de leitura de verão para prestação de contas, e a pressão de pregar ou ensinar uma passagem me obriga a voltar a traduzir. Uma interpretação verdadeira e precisa de um texto através das línguas originais é sempre conquistada com dificuldade. Não pode ser feita procurando palavras individuais sem compreender seu contexto. Deve ser feita através de tarefas lentas e dolorosas de tradução e interpretação.

Se o ministério está fundamentalmente centrado na Palavra e focado no evangelho, então aqueles que têm oportunidade de aprender as línguas bíblicas devem dedicar-se a essa tarefa. Podemos entender a Bíblia e sua mensagem sem conhecer hebraico e grego? Sim, graças a Deus, e na verdade já ouvi muitos pregadores excelentes que nunca estudaram nada das línguas bíblicas.

Será que eles poderiam ser melhores pregadores se conhecessem as línguas originais? Creio que sim. Seriam capazes de tomar decisões precisas sobre qual tradução está correta. Seriam capazes de considerar os julgamentos de comentadores, ao invés de simplesmente confiar neles. E teriam uma percepção do texto da Escritura como foi realmente escrito. 

Os programas de software bíblicos são ferramentas úteis. Mas não são substitutos para o trabalho de uma interpretação cuidadosa. Não se pode usar uma língua que não se conhece. Não estou dizendo que devemos esperar que pastores e professores da Bíblia se tornam especialistas nas línguas bíblicas. Mas o ideal é que eles aprendam o suficiente para serem capazes de fazer uma tradução do texto para interpretá-lo com mais precisão. Esta habilidade só vem com estudo e com trabalho árduo. 

 

Traduzido por Mariana Alves Passos

Is there enough evidence for us to believe the Gospels?

In an age of faith deconstruction and skepticism about the Bible’s authority, it’s common to hear claims that the Gospels are unreliable propaganda. And if the Gospels are shown to be historically unreliable, the whole foundation of Christianity begins to crumble.
But the Gospels are historically reliable. And the evidence for this is vast.
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